Toca-me

Toca-me...

Porque é que já não me tocas?

Tenho saudades que me toques; que me agarres como só tu sabes.

Sinto falta de ter o teu corpo contra o meu e das noites passadas de braço dado.

Não te lembras como era?

Chegavas a casa, atiravas o casaco para o sofá e erguias-me do chão com tal leveza que me julgava no céu. Sentavamo-nos os dois e tocavas-me horas a fio, até o cansaço nos vencer. Éramos um do outro, e cantavas para mim. E eu não me importava quando te enganavas na letra; assim começávamos tudo de novo!

Porque é que já não me tocas?

Foi por causa daquelas amigas novas que trazes cá a casa, com os teus amigos?

Sim, essas que abraçaste e que me roubaram o teu colo, que eu bem vi pelo canto do olho enquanto estava no quarto.

Porque é que já não me tocas?

Deixei-te usar e abusar de mim, sem nunca te exigir nada. Apenas queria que me tocasses; que não me esquecesses.

E agora... Agora não passo de uma guitarra velha, guardada atrás da porta do quarto, à espera que um dia me toques outra vez.

Queria tanto que me tocasses...