Não me ignores!

Olha para mim. Já nem peço que me dês atenção, mas pelo menos olha para mim!

Pára de fazer de conta que não estou aqui! Posso ser pequena, mas acho que ainda não estou invisível, nem morta!

Ou será que me deixaste morrer em ti e a minha lealdade me prende?

Não... O aperto que sinto no peito lembra-me que ainda sobrevivo aqui. Quando é que deixei de ser boa o suficiente para ti?

Foi quando deixei de ser novidade?

Quando ganhei peso por não fazer exercício? Eu pedi-te tanto para ires correr comigo!

Ainda estás chateado com o copo de vinho que entornei no sofá? Não foi por mal! Eu estava tão contente com a visita dos teus amigos que me distraí!

Eu sei que por vezes falo muito e acabo por te chatear, mas sinto a tua falta durante o dia.

É por causa de estar a ficar careca?

Ou é porque te roubo metade do espaço da cama?

Desculpa. Eu não sei o que fazer mais! Sabes que sou trapalhona, mas dava a vida por ti.

Olha para mim! Não percebes que estou a ficar cansada de tanto te chamar? Eu preciso de ti! Preciso do teu carinho e atenção! Preciso que cuides de mim! Estou a ficar tão cansada!...

Não me ouves?! Ei! Dói-me o coração!

Olha para mim!!!

Depois de tanto insistir, com os olhos humedecidos e a garganta cansada de tanto o chamar, a Becas foi para o seu cantinho no quintal e aninhou-se na sua casota, adormecendo uma última vez...