Quero lutar contra esta fadiga que me faz pesar os olhos, mas até os poucos raios de luz que furam pelas nuvens carregadas de chuva me incomodam.
Tento desesperadamente levantar-me da cadeira, mas os meus braços permanecem imóveis, como se as mangas do casaco se transformassem em amarras de corda, queimando-me os pulsos contra a madeira.
Mas de nada me serve pois até respirar me cansa. Tento esticar as pernas, mas estas parecem pesar tanto como a pedra de mármore por cima da lareira.
É irónico não é? Querer viver, e saber que isso nos mata. Fazer pela vida, e sentir que ela nos foge por entre os dedos. Cada passo dado em direcção ao meu destino, é uma dívida com que fico; e a minha vitalidade é uma credora implacável.
Mas a minha vontade é juíza. E é ela quem manda. E a minha vontade condenou-me a enfrentar o cansaço. E essa será uma pena que terei de cumprir, custe o que custar.
Abro os olhos; desamarro os pulsos. Respiro fundo uma vez mais e sacudo o pesar das pernas.
E levanto-me.
E ando.
E vivo.
Estou viva. E só isso importa agora.
lindo demais continue parabens
ResponderEliminarMuito obrigada!
Eliminar