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20 de janeiro de 2015

Cansaço

Estou tão cansada.

Quero lutar contra esta fadiga que me faz pesar os olhos, mas até os poucos raios de luz que furam pelas nuvens carregadas de chuva me incomodam.

Tento desesperadamente levantar-me da cadeira, mas os meus braços permanecem imóveis, como se as mangas do casaco se transformassem em amarras de corda, queimando-me os pulsos contra a madeira.



Na esperança de ganhar forças, inspiro calma e profundamente.

Mas de nada me serve pois até respirar me cansa. Tento esticar as pernas, mas estas parecem pesar tanto como a pedra de mármore por cima da lareira.

É irónico não é? Querer viver, e saber que isso nos mata. Fazer pela vida, e sentir que ela nos foge por entre os dedos. Cada passo dado em direcção ao meu destino, é uma dívida com que fico; e a minha vitalidade é uma credora implacável.

Mas a minha vontade é juíza. E é ela quem manda. E a minha vontade condenou-me a enfrentar o cansaço. E essa será uma pena que terei de cumprir, custe o que custar.

Abro os olhos; desamarro os pulsos. Respiro fundo uma vez mais e sacudo o pesar das pernas.

E levanto-me.
E ando.
E vivo.

Estou viva. E só isso importa agora.

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