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28 de janeiro de 2015

Madrugada de inverno


Cheirava a areia molhada. E o ar denso e húmido que lhe cortava o rosto conseguia encaracolar o seu cabelo rebelde.

Os passos eram vazios, ocos, e os braços cambaleavam ao compasso daquela marcha sem sentido, presos pelas mãos enfiadas nos bolsos.



Naquela madrugada de Inverno, apetecera-lhe ir à praia, tendo como única companhia as gaivotas que atravessavam a neblina da maré.

O horizonte confundia-se com o céu, e as ondas faziam tremer a areia gelada. Ao longe, um barco solitário recolhe as redes antes do Sol conseguir erguer-se das montanhas.

A ausência do silêncio era evidente: as ondas, os pássaros, os seus próprios passos. Mesmo completamente só, não se sentia sozinha. O mar beijou-lhe gelidamente os pés e, por um momento, relembrou o frio que sentia na ausência dele.

Não, ela não estava só. Mas ele fazia-lhe falta... E cada vez mais a cada dia que passava.

Mas o sol conseguiu atravessar as nuvens, e um denso raio penetrante aqueceu o seu rosto, tal qual um beijo.

E naquele instante, mesmo que por um só momento, ela soube que iria ficar tudo bem...

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