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6 de janeiro de 2015

Saudade

A saudade é a nostalgia que sentimos ao recordar aquele momento.
A saudade é sentir falta de qualquer coisa o tempo todo.
A saudade é a ausência daquele som que nos é tão inconfundível.
A saudade é sentir aquele cheiro, aquele perfume, e ter a miragem do que lhe é associado.



A saudade é, portanto, um silêncio tão barulhento. Daqueles silêncios que nos incomodam à noite, que não nos deixam dormir.

E quando deixam, invadem os nossos sonhos e atropelam qualquer esperança de um sono tranquilo.
É; a saudade até nos sonhos faz barulho. Marca o seu passo, como se tivesse gozo em relembrar tudo o que vivemos, sentimos, provámos, cheirámos e conhecemos.

A saudade é sem o ser: tira, enquanto dá; fere com uma mão, e cura com a outra; desvanece, mas não passa.

Tira-nos o sono, mas dá-nos a possibilidade de reviver nos sonhos o que já foi real.
Fere-nos o coração ao lembrar-nos o que já tivemos, mas cura-nos a alma com lembranças do que nos fez bem.
Desvanece com o tempo, mas não passa até morrermos.
Porque enquanto há vida, há alma. E, havendo alma, há emoções.
Mais que o amor, a saudade é um sentimento comum a todos os mortais.
E só deixamos de sentir saudades quando morremos.
Ou, talvez, nem isso.
Porque há sempre algo ou alguém que ficou para trás. Há sempre um momento perfeitamente singular que nunca se repetirá. Há sempre aquela fase melhor da nossa vida que não se pode repetir.

E a saudade fica.
A saudade vai ficando... E ficando... E ficando...

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