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11 de janeiro de 2017

O que não nos contam

Estar grávida é algo inexplicável.

É uma experiência única e diferente em todas as vezes que se tem a sorte de viver em estado de graça.

É fantástico para algumas mulheres, e uma chatice para outras.



Algumas adoram sentir o pirralho a crescer e a mexer dentro da barriguita, outras só querem que chegue o dia em que o rebento sai cá para fora porque já não há posição para nada.

Há as grávidas que não enjoam uma única vez, e aquelas que têm de dormir com o baldinho na mesa-de-cabeceira porque já não sabem o que é acordar sem uma viagem à vila de S. Gregório. Algumas têm a sorte de não ficar com registos corporais estriosos pelo corpo, outras ficarão marcadas para o resto da vida com riscas de cores, espessuras e tamanhos variáveis. Umas acordam a meio de uma noite de dezembro com desejos de cerejas, ou a querer uma sandes de areia com vidro (estranho, mas acontece), e aquelas que abençoam os maridos com apetites perfeitamente normais.

Mas depois também há aquelas coisas que são comuns a todas as pré-mamãs; sejam elas de primeira, segunda ou centésima viagem...

Há aqueles momentos de frustração, porque já não se consegue chegar com as mãos aos pés para calçar as meias, porque a barriga já está enorme, e porque as costas já doem, e porque ficamos mal dispostas, e porque, e porque, e porque... Porque a paciência já não chega para tudo, pronto! Não chegam as mãos aos pés e não chega a paciência para lidar com tudo e todos.

A culpa é das hormonas, dizem os especialistas...

Há aqueles picos de felicidade, em que nos sentimos as grávidas mais lindas do mundo! Mesmo com as olheiras provocadas pelas noites mal dormidas porque, convenhamos, a criança ainda não nasceu, mas já impõe posições e horas permitidas para dormir. Sentimo-nos maravilhosas no nosso corpo redondinho, mesmo com todos os quilos a mais porque, convenhamos, carregamos em nós o amor da nossa vida e isso justifica um aumento de peso considerável.

Hormonas!!!

Há aquelas alturas que sabes que não vai ser difícil ser mãe, porque até sabes mudar as fraldas de todos os bebés, dás papa aos priminhos todos e adormeces os filhos das amigas. Mas a sensação de insegurança atormenta-te os pensamentos porque achas que vais estar cansada, e o bebé vai ficar assado porque a fralda ficou ao contrário, vai chorar porque tem fome, porque a vizinha te disse que o teu leite pode ser fraco, e depois choras tu porque não vais conseguir adormecer o teu filho.

Raios, ainda faltam dois meses para parir, e já adivinho noites em branco com a mama na boca da criança! Quem inventou isto das hormonas devia estar de esperanças 13 meses por ano, só para ter um gostinho desta instabilidade emocional!!!

Mas até aqui, tudo bem ou mais ou menos... Tudo isto são coisas que quase todas as mamãs "to be" sabem que vão acontecer... Então e aquelas coisas que não nos contam? Aquelas que não se partilham? Umas vezes por vergonha, outras porque parece óbvio depois de se passar por elas, ou até porque qualquer mulher que já foi mãe sabe que há lá com cada coisa que nem vale a pena mencionar para não dar um ataquinho à prenhuda.

Hormonas, quem?

Toda a gente sabe que as grávidas vão mais vezes fazer o seu xixizinho. No início as hormonas (outra vez estas safadonas) são as responsáveis pelas viagens constantes ao mictório; no último trimestre, é porque a bexiga está a ser esmagada pelo ser pequenino (dizem aqueles que não se sentem a rebentar pelas costuras) que nos cresce no ventre. Isto é matéria mais que sabida e partilhada publicamente no universo da maternidade. O que não nos contam é que mais difícil do que gerir as idas ao quarto de banho pelas noites fora e dias adentro, é conseguir higienizar minimamente as baixezas sem ficar com os bafos de fora. 

E por falar em baixezas: toda a grávida sabe que vai chegar aquele dia (mais depressa do que se pensa) em que já só se vê a ponta dos pés, e que a nossa fiel amiga deixará de estar ao alcance da vista, certo? Certo. O que muitas grávidas não sabem é que, longe da vista, longe de humidades. Com isto, entenda-se que a maioria das pré-mamãs começa a sofrer de securas e comichões alarmantes e fogosas, nada agradáveis a quem já mal chega a tal sítio para limpar o chichizinho! E depois é a briga até achar o creme que realmente cura esta inquietude!

Falemos também de pêlos e cabelos. Todas as grávidas sabem que a gravidez provoca alterações hormonais (jura?! onde é que eu já li isto?...). Com essas alterações, o cabelo pode ficar mais brilhante, ou mais seco, mas é comum os restantes pêlos corporais crescerem mais, mais escuros e em todo o lado. O que não nos contam é que os cortes de cabelo "lá em baixo" também passam a ser tarefa impossível. Primeiro, porque não chegamos lá para o fazermos sozinhas. Segundo, porque a zona está tão sensível que pensar em expô-la a um arrancamento com ceras, faz o corpo tremer de cima a baixo...

Relativamente à nossa barriga, esta passa a ser coisa do povo! Se vais ser mamã, sabes que muitas pessoas têm o hábito de dar festinhas na barriga; provavelmente também tu gostas de o fazer às tuas amigas grávidas. O que não nos contam é que há pessoas sem noção do conceito "espaço pessoal" e que se agarram ao teu ventre como se de um campo gravitacional se tratasse. Estejas tu de pé, a chegar ao café, estejas sentada a apreciar uma refeição com o teu marido, em pleno restaurante, estejas em casa de pijama a descansar de uma tarde de contrações.

Verdades, verdadinhas, contadas por uma grávida de sete meses.

E dirão talvez as mães mais galinhas: credo, até parece que a gravidez é uma coisa má! Não mamãs, não é. É a melhor coisa do mundo! Pelo menos, até ter o nosso príncipe ou princesa nos braços.

Há outras coisas que não nos contam. 

Todas sabemos que os primeiros pontapés do nosso bebé surgem em alturas diferentes; mas não nos contam como é maravilhoso sentir o primeiro pontapé a sério. Não contam, porque não podem! Não conseguem... É inexplicável.

Todas sabemos que as ecografias são especiais, porque conseguimos ver o bebé que cresce em nós. Mas não nos contam que o amor que se sente no peito é maior que qualquer outra coisa no mundo. Não contam, porque não podem! Não conseguem... É imensurável.

Todas as mães sabem que esta é a melhor coisa que podia acontecer nas nossas vidas. Mas não nos contam o quão assustador é. Não contam, porque não podem! Não conseguem... 

Porque nada é ao mesmo tempo tão assustador quanto desejado; tão desesperante como motivador, tão cansativo como tranquilizante. 

Nada é tão tudo como os nossos filhos! 
E isto é só o que consigo contar-vos...

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