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15 de janeiro de 2015

Chega!

Chega! 
Chega de ter medo de ti e de temer pela minha vida. Chega de olhar para os meus pés, como uma criança arrependida, à espera de uma punição severa. Chega de evitar as respostas que me ficam entaladas na garganta que tantas vezes estrangulaste.


Chega de bofetadas na cara; já olhaste bem para a tua? Ou tens receio de encarar o reflexo do rosto que me fizeste odiar? Chega de rastejar aos teus pés, que as minhas costelas conhecem tão bem. Chega de pensamentos destrutivos que alojaste na minha cabeça, que sabe de cor o baque dos teus socos.

Chega!

Acordei todos os dias a teu lado, e todos os dias rezei para que nada te incomodasse, pois sabia que irias descarregar em mim. Fizeste-me sentir impotente, inútil e um objecto. Incutiste-me tanto medo, que até sair de casa eu evitei. Tiraste-me tudo! Amei-te com todo o meu coração; admirei as tuas conquistas; estive a teu lado quando fracassaste. Amei-te todos os dias. Mas o monstro em que essa doença te transformou é medonho. Transformaste-me num ser desesperado e sofredor. Mas sabes que mais? Ensinaste-me também a resistir. Ensinaste-me a sobreviver. 

E hoje te digo: Chega!

Amei-te. E prometi amar-te até que a morte nos separasse.
Mas hoje, eu amo-me. E não te vou deixar destruir-me.
Não te vou deixar matar-me.

CHEGA!...


2 comentários:

  1. gente... espero que não tenha sido um desabafo e sim fictício

    forte. e muito sentimento em suas palavras...no entanto a temática é preocupante.

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    1. Este texto é sobre uma temática bem real, mas felizmente não se refere a nenhuma situação pessoal. Acredito que, precisamente por ser uma temática preocupante, se deva cada vez mais falar sobre ela. Obrigada pelas suas palavras!

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