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17 de janeiro de 2015

Libertar o ódio

Quero que tenhas consciência do que fizeste. Quero que fiques a saber o mal que provocaste.

Destruíste tudo o que eu tinha de bom. Usaste e abusaste da minha virtude paciente.

Ocupaste-te de descobrir o que eu tinha de melhor, e usaste isso a favor do teu bel-prazer.

Roubaste-me todo o bem que ainda restava dentro de mim, espicaçando o demoniozinho.

Intencionalmente, arrasaste a única réstia de bondade que habitava no meu ser.
Conseguiste desmantelar a barreira de coisas boas que prendiam a minha cólera.
A compreensão deu lugar à rispidez, o carinho foi consumido pela intolerância, o amor ardeu com a chegada do ódio.

Ah, mas o pior é que tu não sabes o horror que libertaste. Não sabes tu o crime que cometeste.

Este demónio que adormeci em tempos no meu âmago foi acordado. Acordado por ti.
E está com fome. Quer devorar os sorrisos e consumir a felicidade alheia. Deseja saborear a esperança até que desta nada reste. Este horror repugnante a que desprendeste as amarras anda devagar, e vai-se servindo lentamente... Mas nunca pára. Nunca se cansa.

Agora que o soltaste, terás de aprender a viver com ele.

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