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18 de maio de 2016

Fim

Procuro-te por todos os cantos onde nos refugiávamos, sabendo que não estás mais aqui. 

Em todo o lado revejo o que fomos e por isso me é difícil aceitar um fim que não vimos chegar.

Um fim que teimamos em contrariar com promessas vãs e batidas de que tudo vai passar, tudo vai melhorar. Um fim que venceu despedidas evitadas, cafés fugidios por entre os tantos afazeres e a preocupação rotineira que deixou de ser assim tão genuína. Um fim que nos venceu sem perdermos guerra alguma. Apenas porque nos perdemos um do outro.

Perdemos oportunidades, perdemos dias e noites, e perdemos o que fomos. 

Acabou. Mas não faz mal, eu entendo. Compreendo que este és tu. Tão diferente de mim, e tão igual a nós: incompletos, confusos e ausentes... Entendo que não consigas abdicar do teu tempo, do teu espaço e da tua carreira. Entendo que não possas, que não te apeteça, e até que não queiras. Aceito que nunca nos foi prometido que seríamos um só até ao fim do tempo.

Mas não aceito que me prendas. Não aceito que me segures a mão, que me tranques no teu peito e me feches as janelas, sem que me deixes partir. Não aceito que me queiras por perto, mas me negues a tua presença. Não aceito mais promessas indignas de um amor incapaz de contrariar a nossa natureza. 

E não aceito que, na falta de um enterro, seja negada a morte de um amor que não tem mais forças para aguentar uma vida de contentações. Porque não me posso contentar com um café fugidio, quando tenho todo um plano de vida para te contar e partilhar. 

Não, não o vimos chegar. Mas ele chegou; e com ele veio a certeza que nada é para sempre, por muito que se queira eternizar o que um dia foi perfeito...



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