Para sempre minha

Já troquei beijos com centenas de mulheres. Já levei outra centena delas para a minha casa. Tive dezenas de mulheres na minha cama e cansei-me com mais de metade delas. Esqueci-me de quase todas na manhã seguinte. Mas a ela nunca esquecerei.

A ela quis guardar na memória, porque com ela todas as recordações são mais quentes, mais coloridas, mais doces. 

Já tive mulheres lindas, com corpos deliciosos e cabelos imaculados. Daquelas mulheres que todos querem, mas que só alguns conseguem. E, sem saber como nem porquê, todas acabaram nos meus lençóis. E a todas deixei ir embora. Nenhuma cativou a paixão que ela fez despertar em mim.

Nunca quis apaixonar-me por ela. Afinal, ela era só mais uma no meio de tantas outras a quem fiz o favor de entreter por uma noite. Mas com ela, uma noite não chegou. Com ela, os dias teimavam em passar rápido demais e, de repente, os beijos dela pareciam-me mais saborosos que os de qualquer outra. Recebê-la na minha casa já não requeria convite, e a presença dela iluminava as divisões. E na manhã seguinte, ela era uma realidade que dormia a meu lado, e não uma noite de prazeres esquecida.

Descobri que esperei por ela toda uma vida; mas quando a encontrei tentei tratá-la como tratei as centenas de mulheres a quem provei os lábios. Porque me era mais fácil, menos trabalhoso e mais previsível. Quando lhe falei, queria apenas levá-la para casa como levei outra centena de mulheres. Quis possuí-la como possuí dezenas de mulheres, e esperava cansar-me dela como me cansei com mais de metade das outras. Mas descobri mais tarde que dela nunca me viria a cansar.

Não sei o que é que ela tem, mas sei que só ela me tem. Como nenhuma outra das centenas de mulheres que se cruzaram no meu caminho algum dia sonhou ter.

Gostava de conseguir dizer-lhe que mudou a minha vida. A ela tive o privilégio de amar, mesmo que apenas por escassos momentos. A ela pude chamar de minha, sem nunca a ter tido só para mim.

A ela amarei para sempre, mesmo que nunca lho possa dizer.