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20 de abril de 2016

Desaparecer

E se eu desaparecesse amanhã? 

Ou se eu desaparecer hoje?...

É isso. Vou desaparecer hoje. 

E amanhã ao acordares, vais perceber que nunca mais sentirás o meu cheiro nos teus lençóis; vais perceber que nunca mais verás o brilho do meus olhos quando encontram os teus.


Amanhã, quando eu estiver desaparecida, vais perceber que o som das minhas gargalhadas te é preciso, e que a sensação do meu toque te apraz mais do que a sede de corpo. Amanhã vais perceber que te sou essencial.

Vais perceber que, mesmo quando não me solicitavas, eu estava lá todos os dias. Vais perceber que terás de voar sem a tua rede de segurança, chorar sem o teu colo de consolo e viver sem o teu amuleto da sorte.

Não me interpretes mal, não desapareço para te castigar. Desapareço porque me perdi. Perdi-me do que sou e do que faço. Perdi-me entre as tuas promessas e os teus abraços. Perdi-me nas minhas dúvidas e inseguranças. E perdi-me de mim mesma quando me encontrei em ti.

Sem me aperceber, foste o meu caminho, a minha bússola e o meu destino. E quando cheguei a ti, percebi eu também que me eras e serás sempre essencial. 

Por isso, desculpa meu amor, mas tenho de desaparecer. Tenho de me afastar de ti, de nós e do que foi nosso. Tenho de chegar mais perto de mim, do que fui e do que posso ser.

Desculpa-me, meu amor.



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