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22 de junho de 2015

Dançar na chuva

Vai ficar tudo bem. Amanhã já passou. Tu és forte, vais ver que vences isso.

Quantas e quantas vezes eu quis ouvir estas palavras? Mais que isso, quantas vezes quis acreditar nelas? Quantas vezes me agarrei aos dizeres populares como "quem espera sempre alcança" ou "depois da tempestade vem a bonança"?



Vezes a mais. Pior que isso, forcei-me a acreditar que a espera valeria a pena e que a tempestade teria um arco-íris bonito no fim. Obriguei-me a lutar contra o tempo e a procurar abrigo da tempestade.

Porém, com o passar dos anos, aprendi que nem tudo está nas minhas mãos. Aprendi que, por maior que seja a minha vontade, o meu poder de escolha é limitado. Aprendi também que nem sempre a espera nos trás o final que desejamos. Mas mais que tudo isso, aprendi a aceitar. 

Aceito que nem sempre o desfecho das coisas é como eu quero, por muitas vezes que suba ao ringue para as encarar de frente. Aceito que o dia de amanhã possa não ser melhor que o de hoje, por muito que eu conte as horas que passam. Aceito que a tempestade possa nunca terminar num dia de sol, deixando a minha roupa para sempre ensopada. 

Alguns podem dizer que eu desisti da minha luta ou que não tenho a coragem necessária para enfrentar a batalha a que me propuseram. Mas não. Não é que eu não queira. E desistir nunca esteve nos meus planos. Apenas aceitei no meu coração que há coisas invariáveis. 

E por entre os minutos de esperança, regada pela chuva que não posso impedir, aceito os meus traços eternos. Abraço a minha incapacidade de alterar o imutável e aprendo a dançar com os pés molhados.

Porque só me é possível encontra paz naquele momento em que aceito o mundo como ele é, e que me aceito como o mundo me quis.

E se a tempestade não passar, dançarei na chuva!


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