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21 de abril de 2015

Mal de amor

Ela acordou animada pela ideia de que estaria com ele no final do dia.

Vestiu as suas calças mais sexy e estava a usar a lingerie nova pela primeira vez, escondida pela camisola que destacava a cor dos seus olhos.


Sentia-se estúpida, pois tinha prometido a si mesma que nunca mais se apaixonaria por um homem que apenas veio ao mundo para dar prazer às mulheres. 

E se ele sabia aprazerá-la... Ele tocava-lhe como nenhum outro a havia tocado; consumia-a contra a parede da sala porque a febre era demasiada para conseguirem chegar ao quarto.

Ele levava-a a sentir coisas que nunca sentira física e mentalmente com mais ninguém. Chamava-lhe nomes, ao mesmo tempo que dizia "Amo-te" e "quero-te só para mim, sempre".

Não; ela não se podia apaixonar. Ele não era só dela; era também das outras; de todas aquelas a quem ele sabia dar amor, mesmo não sendo romântico. Ele não era seu, e numa primeira instância, isso não a afectara. Ela não queria um relacionamento, e apenas uma forma de escapar à sua vida monótona.

Só que ela apaixonou-se. E apesar de saber que nunca ficariam juntos, por muito que se soubessem amar um ao outro, a esperança dela nunca desaparecia. Cada dia que planeavam encontrar-se custava mais a passar, mas quando os olhos dela batiam na boca dele, o beijo queimava-lhes a língua. Ele despia-a apressadamente e ela lutava contra as amarras da roupa dele. O desejo era avassalador demais para fazerem amor; eles devoravam-se sem falinhas mansas, sem pudor, sem vergonha.

Mas no fim... No fim do prazer selvagem que desmanchava as almofadas do sofá, ele deitava-se, e batia no assento, convidando-a a deitar-se com ele, protegendo-a nos seus braços, e beijando-lhe o topo da cabeça que ela carinhosamente apoiava no peito dele. 

E ali, naquele momento fora do mundo, os seus corações batiam em uníssono.

Lembrando-se da tórrida tarde que tinham passado no sábado, desceu à Terra quando o telemóvel tocou. O sorriso nos lábios dela era evidente quando viu que tinha uma mensagem dele.

"Querida, hoje não vou poder estar contigo. Marcamos para sexta-feira, ok?"

Ela não ficou triste. Ela sentiu-se ridiculamente desolada. 

Num instante, a lingerie parecia-lhe completamente despropositada, e apetecia-lhe chorar. Pior que isso, apetecia-lhe castigar-se por deixar que ele a afectasse daquela forma.

Sem querer, apaixonou-se por ele. Permitira que ele abalasse a vida dela. Ele conseguira desfazer qualquer barreira que ela tinha.
Sem saber, ele era o mundo dela. Era a razão porque ela se sentia bonita e desejada.
Secretamente, amava-o à sua maneira. 

Ele não era dela. E ela não era dele.
Mas eram um do outro. E isso teria de lhe ser suficiente. Pelo menos, por agora.

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