Segredo

Nunca te apaixones por um segredo. 

É o pior tipo de amor e apenas amarás uma receita infalível para a desilusão.

 E o amor em segredo é uma perda de tempo.

Se o teu amor diz que te quer por perto, mas não vos podem ver juntos, não é amor; é vontade. Se te quer na mesma cama, mas o cheiro do teu cabelo não pode ficar perdido nos lençóis, não é amor; é desejo. No amor não há horas apropriadas nem dias marcados. 

Dizer que se ama é fácil, mas amar é difícil. Porque dá trabalho e exige tempo e dedicação que não se consegue esconder. Por isso é mais fácil amar em segredo. Ou, pelo menos, inventar uma forma de amor.

Mas esse amor reinventado é corrosivo, doentio e viciante. E quanto mais pensas nisso, mais percebes que esse vício secreto tem mais de dor que de amor.

Porque te faz acreditar que precisa de ti, quase tanto como precisas dele. E, no entanto, não se podem amar quando querem ou precisam. Porque não pode ser, porque não dá jeito ou simplesmente porque não apetece.

Mas deixa-me contar-te um segredo: não existem segredos no amor. Se tu és um segredo, se o que têm é secreto, não é amor... É vontade. É desejo. É necessidade. É tudo, e não é nada. É tudo o que se quer, mas nada do que se precisa. 

Os segredos não trazem nada de bom. E não deveria o amor ser a melhor coisa do mundo?

Por isso, se amas, ama às claras... Porque de escuridão e segredos já está o mundo cheio.