Sentados na esplanada, falavam das férias maravilhosas que estavam a ter.
Ele bebia uma cerveja acompanhada de caracóis, e ela bebericava o sumo pela palhinha que ia roendo entre os goles.
Ele vestia apenas os calções de praia azuis e brancos; ela omitia a cara com uns óculos de sol que reflectiam a sua personalidade carregada.
Ele bebia uma cerveja acompanhada de caracóis, e ela bebericava o sumo pela palhinha que ia roendo entre os goles.
Ele vestia apenas os calções de praia azuis e brancos; ela omitia a cara com uns óculos de sol que reflectiam a sua personalidade carregada.
- Claro que sim! Que pergunta parva. Claro que morria por ti!
- Que giro... Eu não... - a serenidade com que as palavras lhe saiam da boca era assustadora, e ele não conseguia entender de todo o que ela estava a dizer. - Eu não morria por ti.
- Como assim?
- Tu és fraco. Tens demasiado amor aí dentro. E em parte, é isso que me faz amar-te tanto; esta minha necessidade de te proteger, de saber que estás bem.
- Mais me ajudas! Preocupas-te tanto comigo, e não morrias por mim? - ele continuava tão confuso como uma peúga sem par na centrifugação máxima da máquina da roupa.
- Óbvio que não. Como poderia eu morrer por ti?
- Sei lá Filipa! Imagina que estávamos agora aqui e aparecia um carro de repente que me podia passar por cima. Não me empurravas, correndo o risco de ser atropelada?
- Não. Deixava-te morrer.
Ele ficou perplexo, sem saber exactamente o que dizer, nem que reacção se adequaria a tão cruel afirmação.
- Deixavas-me morrer?...
- Sim Filipe, deixava-te morrer. Quero que morras antes de mim. E irei ao teu enterro vestida de branco. Depois chorarei sobre ti; tanto que se me acabarão as lágrimas. Farei o luto por ti. E terei de aprender a viver sem ti; sem te ver todos os dias, sem sentir o teu toque no meu cabelo; sem te dar um beijo todas as manhãs. Terei de sobreviver sem a tua presença na minha vida. E todos os dias te sentirei a falta. Mas eu sou forte. Por isso não; não morreria por ti. Eu sofreria pela tua morte, privando-te a ti o sofrimento da minha. Porque eu amo-te, e não te causaria o sofrimento de me perderes.
- Vestida de branco?
- De branco.
- Também te amo.
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