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2 de novembro de 2016

Hábitos

Tens ideia da quantidade de vezes que tenho de lutar contra o hábito irritante de te falar? Contra esta necessidade estúpida de saber se estás bem? Contra a vontade de te ver, de te abraçar... De dizer que vai ficar tudo bem? São tantas ou mais que as vezes que me apetece fazer-te desaparecer da minha vida.


Ou, pelo menos, das minhas memórias. Apagar os sorrisos e as lágrimas. Apagar os abraços apertados e as despedidas frias. Apagar recordações do que fomos e planos do que podíamos ter sido. 

Fosse o tempo meu cúmplice, e permitir-me-ia esquecer-me de ti. Assim como arrancar um curativo de uma ferida que secou. Simples. Rápido. Fácil. Praticamente indolor. Mas nada do que foi dito e feito foi tarefa simples, rápida ou fácil. Definitivamente que doeu. E a ferida que ficou permanece aberta, profunda e sangra a cada dia que passa e que me esqueces mais um bocadinho.

Quero acreditar que ainda vou vivendo pelas tuas memórias, que te é pelo menos um pouco difícil esquecer-me. Que eu não sou assim tão simples, rápida e fácil de esquecer... Seria o nosso lugar comum, esta dor de nos perdermos um do outro...

Tens ideia da quantidade de vezes em que tenho de lutar contra o hábito de te falar, quando te pedi que calasses? Contra esta necessidade estúpida de saber se estás bem, quando te deixei o meu pior? Contra a vontade de te ver, de te abraçar... De dizer que vai ficar tudo bem? Quando te fechei a porta, atirei a chave fora... E disse que te queria longe?...

São tantas ou mais que as vezes que me apetece ter-te para sempre na minha vida.

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