Translate

10 de novembro de 2016

Decisões

Cada vez tomo mais consciência que desistir foi a opção certa. Não foi de longe a mais fácil, isto de ter de me desabituar da tua pessoa, da tua voz, dos teus olhos. Mas, vendo bem, há muito que não me davas da tua pessoa, que não ouvia a tua voz, nem te conseguia olhar nos olhos.


E não é que tenha desistido de ti, mas obrigaste-me a desistir de nós. Em tempos questionei-me se estaria a ser injusta, mesmo quando tu me deste toda a razão do mundo. Questionei-me se não havia realmente mais nada por que lutar, se não merecias outra (só mais uma) oportunidade de me provar que sou realmente importante na tua vida. Se tudo o que se passou de menos bom seria assim tão mau que me fizesse esquecer as coisas boas. E eu sei que estas coisas das importâncias não deveriam requer prova alguma, que a palavra de quem nos quer por perto deveria chegar. 

Cobarde, diriam uns.
Triste, diriam outros.

Mas quando a palavra é dúbia, quando os actos são inconstantes e os gestos de carinho não se demoram... Quando as ausências se sobrepõem às presenças, as lágrimas aos sorrisos, e as dores às alegrias... Quando percebi que estava a mais, quando queria apenas ser-te mais. Quando percebi que o problema era eu, e não tu. Eu e esta minha teimosia de achar que dou sempre de menos, que nunca chego, que podia fazer melhor. 

Quando percebi que estava errada, tomei a decisão mais difícil (talvez por ser a mais certa) e permiti-me sair. Sair deste ciclo vicioso que é querer-te por perto por mais que me afastes. Querer-te bem, por muito mal que me faças. Querer-te sempre, mesmo que nunca mais me queiras.

Não vou mentir... Dói-me. Todos os dias. Todas as manhãs que não te saúdo com um bom dia, todas as tardes que não te oiço reclamar do teu chefe, todas as noites que não nos despedimos com desejos de sonhos tranquilos. Dói-me saber que é só comigo que não queres estar. Dói-me saber que também te custa, mas que não te dói o suficiente. Não dói assim tanto que ganhes forças para me demover. Não é fácil para nenhum de nós (ou assim prefiro acreditar). Mas podia ser tão menos difícil. Podias querer fazer tudo melhor, perder-te das tuas teimosias e mostrar-me que não queres que eu tenha razão quando te acuso das tantas falhas que nos fizeram definhar... Podias querer escolher o caminho mais difícil, como eu o fiz. Mas a verdade é que sempre fui forte... Talvez forte de mais, forte por mim e por ti... 

Cansaço, diriam todos...

1 comentário: