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25 de julho de 2016

Dizes que sou

Dizes que sou o teu sol. Mas tu és uma pessoa de invernos. E o inverno só procura o sol quando o frio da sua existência se torna insuportável.

Dizes que sou a tua estrela. Mas as estrelas apenas brilham de noite. E é apenas nas tuas noites de solidão que me procuras no céu.


Dizes que sou o teu anjo. Mas os anjos não vivem. E tu apenas me deixas viver-te quando te sentes a morrer no meu mundo.

Por isso morri.  Morri porque o sol que sou precisa também do calor dos teus verões para viver. Morri porque a estrela que sou precisa de brilhar também nos teus dias de luz. Morri porque as minhas asas de anjo precisam das tuas também para suportar o peso da distância que nos separa. 

Morri. Morri em mim.

Mas ainda vivo. Vivo em ti. Vivo na tristeza que te assolapa quando percebes que me mataste. Vivo nas lágrimas que deixas cair quando percebes que me calaste quando deixaste de me falar. Vivo nos lençóis que te deixam acordado quando percebes que me querias contigo.

Mas não faz mal... Não peças desculpa. Afinal...
Sou um sol. 
Sou uma estrela. 
Sou um anjo. 
Não preciso de desculpas.

Mas preciso de ti. Irrefutavelmente. Não posso negá-lo. 
Posso apenas negar ser tudo isto, só quando te apetece. Só quando parece bem.
Porque ser tudo isto é um trabalho a tempo inteiro, e não me contentarei com meios tempos de amor, meios dias de carinho, nem meias horas de atenção.

Se vou ser sol, estrela e anjo, serei sempre, todos os dias, a todas as horas.

Sol que é sol, aquece todos os dias.
Estrela que é estrela, brilha sempre.
Anjo que é anjo, é eterno.

E nós? Somos eternos?
Ou somos apenas o que o tempo nos permite ser?
Ou seremos apenas o que permites que o tempo nos seja?

Inconstantes. Irreversíveis. Imperdoáveis.

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