Queria muito estar contigo, mas hoje tenho de ir lavar os tapetes da cozinha.
Tenho muito pó acumulado e não consigo pensar com clareza.
Tenho muito pó acumulado e não consigo pensar com clareza.
Lembrei-me que podia ir batê-los à varanda como a minha mãe fazia, mas estava a chover e não queria que a água me limpasse os pensamentos de ti.
É dia de limpezas e aproveitei para guardar numa caixa a vontade de te ter comigo; é que tenho a sala desarrumada e não cabes no sofá cheio de lamentações que tenho por te ter mandado embora. Passei o pano pela estante dos livros, mas aquele pó fino teima em ficar ali, teimoso e incómodo. Assim como tu vais ficando por aqui; ou pelo menos a lembrança de ti.
Guardei também a fotografia que me deste pelo natal; aquela que pendurei sobre o sofá, em que estamos à beira do rio a comer um gelado. É que agora não gosto de gelados; ou pelo menos de sentir o frio que prevalece nesta casa durante a tua ausência.
Guardei também a fotografia que me deste pelo natal; aquela que pendurei sobre o sofá, em que estamos à beira do rio a comer um gelado. É que agora não gosto de gelados; ou pelo menos de sentir o frio que prevalece nesta casa durante a tua ausência.
Quis levar a caixa para o sótão e escondê-la junto dos tapetes velhos que lá guardei antes de te teres mudado. Mas o peso da tua saudade fez-me cair de joelhos, espalhando no chão todas as memórias que partilhá-mos.
O tempo chora, mas tenho mesmo de ir lavar os tapetes.
Queria muito estar contigo, mas não consigo pensar com clareza.
Perdoas-me?
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