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31 de dezembro de 2018

O teu nome


Passou tanto tempo que nem sei ao certo como te chamar. Meu amor?... Minha querida?... Meu tesouro perdido pelo mar por onde escolheste partir?... 

Confesso que não te saber o nome só intensificou a dor da tua ausência nos dias que se seguiram ao destino que nos era mais que certo.


Já não me lembro do som da tua voz, mas os traços do teu rosto permanecem desenhados na minha mente, qual pintura imaculada, artisticamente desenhada por um daqueles pintores renascentistas de que tanto falavas. Não te soube o nome, mas soube de cor os fios do teu cabelo encaracolado, que tanto gostavas de despentear quando fazíamos os nossos passeios na lambreta verde. 

Não soube como te chamaram no dia em que nasceste, mas sei ainda que a tua pele era clara como a areia da praia que te viu morrer. E sei que te amei mais do que todos os grãos que pisei antes de chegar à espuma que te levou para sempre. Nesta praia, onde um sentimento de inutilidade e impotência se assoberbou de mim quando não te pude salvar. Tudo o que quis foi ter-te para sempre, sem nunca perceber que o nosso para sempre seria curto demais para te poder amar a vida inteira.

Não quiseste que te soubesse o nome, mas cravaste o teu amor no meu coração.

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