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18 de setembro de 2015

Setembro



É setembro e o sol já não é tão quente assim; a noite chega cada vez mais cedo e chega com ela a ansiedade de não te ter por perto. 

É ao cair do sol que mais te sinto a falta.



As folhas caídas salpicam o chão de castanho-mel, cobre e dourado. O cheiro a terra molhada desperta-me a saudade de ti e no meio do céu cinzento vou procurando uma réstia de luz.

É setembro e as tardes são cada vez mais frias, gelando-me as mãos, os pés (e o coração). Lembro-me das promessas envoltas em carinho que trocámos nos dias de verão. Fizemos juras de confidência, envolvemos os braços num aconchego apertado, assegurando que a nossa união seria eterna e além do que podíamos ver e tocar. Prometemos nunca largar a mão um do outro; não enquanto o sol nos queimasse o rosto.

No meio das sombras, acreditámos que "as coisas têm a importância que lhes damos" e, com fé no sentimento que nos unia, fizemos um juramento bonito. Talvez por isso o teu calor me fosse essencial: porque te achei o raio de sol mais importante.

Mas chegou setembro, e com ele os dias cinzentos e ausentes de calor (e de ti). O céu limpo e claro deu lugar às nuvens negras e pesadas de remorsos. E tanto que choram as nuvens nestes dias em que não estás mais aqui!... O sol não tem mais força para lutar contra o manto denso que se estende sobre a cidade, e tão pouco tenho eu a coragem para lutar contra o frio que me vai consumindo.

Os dias vão passando, e as promessas assemelham-se a memórias levadas por estes dias ventosos de outono. Os sorrisos e o carinho dão lugar às lágrimas e à saudade dos dias de verão. E o sol que outrora testemunhara as nossas promessas esconde-se nas nuvens, deixando-me chorar sem vergonhas.

Setembro vai a meio, o inverno ainda não chegou, e a tua ausência já me gelou por inteiro.

4 comentários:

  1. Gosto!
    Também gosto da forma "simples" como escreves,,,fácil leitura ;)

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  2. Olá Cláudia,
    como sempre fico encantada com a forma como descreves aquilo que sentes e aquilo que vês! Estive tão perto de ti e de te elogiar pessoalmente e não o fiz porque não te reconheci no meio do grupo. Pela forma como escreves imaginei uma pessoa mais velha, no entanto e para minha surpresa és uma pessoa nova, cheia de vida e cheia de energia mas ''por quem a vida já passou demasiado depressa'', caso contrário não te exprimias desta maneira...mas tenho a certeza que haverá outra oportunidade de te dar os parabéns pessoalmente. Um grande beijinho e obrigada por nos contemplares com as tuas palavras desta forma!

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    1. Querida Berta eu é que agradeço as suas palavras! Não imagina o orgulho com que fico por saber que consigo chegar aos leitores! Haverá com certeza mais oportunidades para podermos conversar.um beijinho muito grande e muitas felicidades!

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